Corrigir cem textos em duas
horas compromete os critérios de avaliação? E se, a cada prova revisada, o
corretor ganhasse menos de R$ 3? Após o "Globo" revelar correções
polêmicas de redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ao longo da
semana, abriu-se um debate em torno das condições de trabalho de quem fica por
trás das provas. Desde segunda-feira (18), o jornal mostra exemplos de redação
com notas contraditórias em relação ao conteúdo. Além de textos com graves
erros como "trousse", "enchergar" e "rasoavel"
que receberam pontuação máxima, outros que incluíam a receita de Miojo e o hino
de Palmeiras não foram anulados.
Na última edição do Enem, um
time de 5.683 corretores teve a missão de avaliar mais de quatro milhões de
redações num espaço de menos de um mês. De acordo com o Ministério da Educação
(MEC), cada redação corrigida significava R$ 2,35 no bolso do professor convocado
pelo órgão.
Todo o processo é feito
virtualmente: o corretor recebe lotes com 50 provas cada e as corrige. Assim
que termina uma leva, outra é enviada a ele. Segundo o MEC, em média cada
corretor cuidou de 60 provas por dia. Mas, de acordo com alguns avaliadores
entrevistados pelos repórteres, este número pode ser muito maior. Segundo o
professor Wander Lourenço, o processo de correção é desgastante, o que acaba
comprometendo o nível da avaliação. Ele foi corretor em 2011, mas não aceitou o
desafio no ano passado.
"Corrigi 4.200 redações
em menos de 20 dias em 2011. Fiquei muito apavorado. Eu tinha aceitado as
condições porque precisava de dinheiro, mas a experiência foi tão traumática
que decidi não participar da correção do último Enem", conta o docente.
*Com informações O Globo.com
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