A investigação sobre a
suposta participação do ex-presidente Lula (PT) no escândalo do mensalão pode
ficar pelo meio do caminho. O empresário Marcos Valério recusou a oferta de
delação premiada no inquérito que investiga o envolvimento do petista e do
ex-ministro Antonio Palocci no esquema de compra de votos no Congresso em temas
de interesse do governo. As informações são do jornal Folha de S. Paulodesta
quarta-feira (5).
Em meio aos efeitos do
julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), Valério disse, em
depoimento no mês de abril, que só aceitaria o acordo caso fosse beneficiado em
todos os outros inquéritos criminais abertos contra ele. A delação é um instrumento
jurídico que estimula acusados a colaborar com investigações em troca de
benefícios, a exemplo da redução da pena ou até o perdão judicial. A recusa de
Valério aumentou o ceticismo dos investigadores em relação ao desenrolar da
apuração.
Depoimento à Polícia Federal
Em dezembro do ano passado,
Marcos Valério afirmou ter havido dois repasses, mas só especificou um deles,
de aproximadamente R$ 100 mil. Segundo ele, Lula era o destinatário. Não há
detalhes no depoimento sobre quais seriam os “gastos pessoais” do
ex-presidente, que também encara outro escândalo público com a Operação Porto
Seguro, protagonizado por sua aliada Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório
da Presidência em São Paulo.
O cacique do PT também teria
autorizado que as empresas de Valério passagem empréstimos com os bancos BMG e
Rural. Segundo concluiu o STF, as operações foram fraudulentas e o dinheiro,
usado para a compra de votos e apoio político no Congresso, durante o primeiro
mandato do petista na Presidência.
Associação com a Portugal
Telecom
Em outro episódio avaliado
pelo STF, Lula foi novamente colocado como protagonista por Valério. Segundo o
empresário, o ex-presidente negociou com Miguel Horta, então presidente da
Portugal Telecom, o repasse de recursos para o PT. Segundo Valério, Lula e o
então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reuniram-se com Miguel Horta no
Planalto e combinaram que uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na
China, transferiria R$ 7 milhões para o PT. O dinheiro, conforme Valério, entrou
pelas contas de publicitários que prestaram serviços para campanhas petistas.
*Com informações diariodepernambuco.com.br
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